quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

FELIZ NATAL

O Natal é o nascimento de Cristo.
Que Cristo? Que nunca vimos, só ouvimos, imaginamos?!
O Cristo que temos dentro, a cada evento;
Na tristeza, a esperança,
No desespero, o aconchego,
Na amizade, o abraço,
Na solidão, o ombro,
Na agressão, o perdão,
Na injustiça, a generosidade,
Na virtude, o elogio,
No bem feito, o reconhecimento,
Como cimento
Do Cristo que oferecemos ao outro,
Concretando nossas relações,
Corações com corações.
Feliz Natal pra todos nós!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ALMA FÊMEA

A coisa mais importante da vida?
É a minha vida!
Ela é minha coisa mais importante!
Com suas cores, suas dores, seus amores, suas flores, seus odores,
Que, dependendo do instante,
Cheiram bem ou cheiram mal.
E que mal há, se o mal cheiro é fruto do esforço de se achar?
E que bem há, se o cheiro bom é falso, por se negar a procurar?
Nossas escolhas estão sempre certas
Mesmo que nossas mentes nos pareçam ou não abertas.
O sofrimento, ou permitimos ou convidamos ou cultivamos,
E na vitimização e na autocomiseração nos esbaldamos.
Quanto mais um tolera, mais o outro abusa,
E depois, bem infeliz, o um ao outro  acusa.
A dor é um território desconfortável, mas familiar, não assusta.
O que ameaça é a mudança, o novo, a plenitude que tanto se busca.
E alma gêmea existe? É possível encontrar?
Claro que sim,
Num mergulho sem fim,
No encontro com nós mesmos.
Tão certo disso, com minha alma
Gêmea, porque nela me vejo,
Estou no encalço, despido, descalço,
Da minha alma
Fêmea, porque com ela almejo
O simples caminhar de mãos e almas dadas.

sábado, 12 de novembro de 2011

A VIAGEM É QUE É O DESTINO

Presente no coração de todas as naus
Que viajam, que navegam, arisco segue o caos.
Sempre presente, presente que é,
Não pode, apenas, nos subtrair a fé.
Plácida é só a morte,
E com um pouco de sorte
Percebemos que o medo faz parte.
Só não pode ser a maior parte.
Não pode é nos tirar o sonho como alimento,
Nos impedir de desfrutar o evento
De conduzir, mesmo chorando, nossas lindas naus.
Porque aí ficaria sem sentido nosso caos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Tem Coisas que Eu Não Sei Dizer se São Certas...

Têm coisas que bloqueiam,
Têm coisas que incendeiam.
Nem sempre sabemos o que pensar,
Nem como agir, nem como medir
Prazer e desprazer.
Pensamos em sumir, em fugir,
Que é jogar no outro o que não lhe cabe,
Que decida, que comece, ou que acabe.
Exaustos, ficamos totalmente à mercê,
Como descerebrados na frente da tevê,
Querendo saber o querem de nós
Quando nem bem sabem de si.
E auto-piedosos, enfim, esperamos um fim,
Esquecendo que quando o buraco é na alma
É mais embaixo, é um poço sem fundo,
Não nos completando nem mesmo o mundo.
Então confusos nos doamos.
E aí será que nos amamos?!

domingo, 16 de outubro de 2011

Os Reis da Pelada ou A Vida É Só Um Passeio de Elevador (2)

É estranho perceber que eu, um cara completamente resistente a novas tecnologias, não tenho nem celular, redescubra através do facebook lembranças fantásticas de infância. Aliás é coisa demais pra relatar num  blog, mas depois dos contatos com Jomar e Nivaldo, amigos de infância, minha mente não para de recordar.
Continuando o primeiro texto,  lembro que após a fase do futebol veio a da música. Quase todo mundo tocava alguma coisa no violão.
Algumas coisas intermediárias aconteceram também.
Teve a época do carrinho de rolimã. Não sei quem inventou, mas havia carrinhos sofisticados com volante, buzina, etc..Tinha até o trenzinho yuki, que era um carrinho de rolimã com 3 ou 4 bancos. Nunca vi nada igual em outras ruas. Tivemos também o skate. Fomos os pioneiros na Tijuca. Meu irmão viu um filme americano, e, muito criativo, resolveu fazer um. Pegou um pé de patins velho, tirou as rodas e fixou numa pequena madeira recortada. Achei fantástico! Ensinou-me a fazer e ficamos os dois descendo a Carlos Vasconcelos, que é uma ladeira suave. A garotada viu e em poucos dias todos fizeram seus skates. Só anos depois chegaram os skates industrializados. Realmente fomos os pioneiros. E sempre houve a época das pipas, em que o Henrique e o Luís Pardal eram os mais fanáticos.
Voltando à musica, muitos tocavam um pouco de violão. Cada um passava pro outro o pouco que sabia. Jomar e Bronko(hoje Bakari) tocavam alguma coisa, Sansão(nome verdadeiro) fazia barulho, Roberto Paulista e eu nos aperfeiçoamos um pouco mais. Mas muita gente sabia tocar pelo menos uma música.
Acabei me tornando compositor. Participei e ganhei ou me classifiquei bem em alguns festivais. Uma vez, numa festa junina de rua, o que era muito comum na época, um desconhecido tocou uma música minha ao microfone. Foi cercado pela galera que quis tomar satisfação. Disse que era meu amigo. Quando cheguei vieram me avisar e fomos falar com ele. O cara me abraçou como se fôssemos velhos amigos, o que não era verdade, mas fingi que era, ele estava muito assustado. Na verdade fiquei envaidecido de saber que um desconhecido sabia tocar e cantar uma música minha. Cheguei a dar show no teatro Opinião, um teatro de resistência na época, que o Nelson Motta divulgou na sua coluna no O Globo. Tenho o jornal até hoje.
Ficávamos reunidos até de madrugada em frente à vila do Sansão e da casa da Dona Odete, que tinha um auto-escola na sala da frente. Numa data comemorativa, talvez reveillon, Dona Odete nos deu uma garrafa de Chateau Duvalier, acho que rascante. Detestamos e imediatamente criamos uma musiquinha: " o chateau duvalier quem bebe vai morrer, o chateau duvalier quem bebe vai morrer". Cantamos e dançamos na sua janela , ríamos muito e ela ficou muito sem graça.
Acampávamos muito, o que normalmente era agitado pelo Bronko. Tudo era muito pouco programado, mas sempre dava certo. Alguém descobriu uma praia deserta, a Praia do Sol, nome que nós demos, porque o verdadeiro não sei até hoje. É uma pequena praia entre Piratininga e Camboinhas. Na época era de difícil acesso. Subíamos e descíamos uma encosta  com um paraquedas enorme. Valia a pena. Chegamos a comer macarrão com areia  lavado na água salgada. Ficou um horror. Um horror também foi quando o Ademir viu uma maria farinha subindo pela parte de fora do paraquedas. Gritou tanto que todo mundo(no paraquedas cabiam mais de dez) acordou assustado pensando que o mundo estivesse acabando ou fosse um tsunami. Nesse dia havia um outro grupo acampado, que assustado veio armado nos ajudar.
Aliás o Ademir era uma figura pitoresca. Não era líder, nem rico, nem o mais inteligente, não jogava bola, não tocava violão, era absolutamente um cara normal, mas era muito querido. Ele e o Josias, irmão do Jomar, eram possivelmente, os mais queridos. O Josias ainda jogava bola, razoável na linha e excelente no gol. Também poderia ter se profissionalizado como goleiro. O dois tinham como características básicas a simplicidade, o bom humor e a alegria, o que os tornava ótimas companhias. Não lembro de tê-los visto irritados ou discutindo por qualquer coisa. Na Copa de 70, depois do 3x1 do Brasil no Uruguai, a turma comemorando em cima de um carro em movimento, sofreu um pequeno acidente e o Ademir caiu de cabeça no asfalto. A comoção foi geral. Foi hospitalizado e preocupou a todos, pois levou algum tempo para se recuperar. Sua alegria e bom humor faziam falta. O cabeça dura acabou voltando ao normal(ou quase), só não lembrou mais do jogo.
Muita coisa interessante que aconteceu e muitas pessoas importantes, como Dona Edir por exemplo, não foram citadas aqui, mas tenho que encerrar. Não sem falar do trio que Sansão, Bronko e eu formamos. No final da adolescência éramos inseparáveis, de uma amizade e lealdade impressionantes. Quando saíamos passávamos o dinheiro dos três só para um. Na hora de pagar a conta quem estava com todo o dinheiro fazia pose e insistia em pagar. Viajei com o Bronko para a Argentina, ele voltou em 15 dias e eu fiquei 45. Estávamos acostumados a nos separar no meio dos projetos, éramos muito diferentes, o que nunca abalou nossa amizade. Ao voltar da Argentina só para trancar a faculdade, comecei um namoro relâmpago com a irmã do Sansão, que era praticamente noiva, e casei em 5 meses. Bronko e Sansão também casaram da mesma maneira e na mesma época.
A vida mudou completamente.
Casei adolescescente, 19 anos, 1,72m, pesando 50kg. Era um menino. Passei a viver a vida de outra maneira. Hoje depois de dois casamentos e três filhos, estou recomeçando. E eu que nunca acreditei em nada, ex-ateu convicto, agora como bom capricorniano, retomando a viagem, muito mais leve, volto ao violão, à poesia, ao esporte e, espero, a um novo casamento e novos filhos. Quando me perguntam a idade digo que tenho três: 40, 30 e 20.  40 anos quando estou vestido normalmente, 30 na praia, porque sou sarado, e 20 pelado, por causa da disposição.
Viva a vida bem vivida!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os Reis da Pelada ou A Vida É Só Um Passeio de Elevador

Esta é a minha primeira matéria com história pessoal neste blog. Deve ser por causa do Dia das Crianças.
Nunca gostei muito de computador nem tenho habilidade com ele, sou um analfabyte, mas acabei, por influência dos meus filhos, fazendo um blog e um facebook.
Não adicionava ninguém. As pessoas me localizavam, pediam para serem adicionadas, mas as ignorava. Não tenho tempo. Trabalho muito, de 12 a 14 horas por dia. Tenho agenda cheia. Pensam até que sou rico, já que minha consulta não é barata, mas sou duro que nem um côco. Muita gente paga um valor simbólico e muitos atendo gratuitamente. Sou um pai muito presente e dedicado, faço atividade física diariamente, e ainda tenho vida pessoal. Logo, durmo de 4 a 5 horas por dia há anos. Minha filha Clarisse comentou que não conhece ninguém tão dedicado às coisas e às pessoas e  que ainda consiga ter uma vida pessoal como eu. Também não conheço. Portanto, não tenho tempo pra ficar no computador. O dia só tem 24 horas.
Há duas semanas atrás resolvi adicionar todo mundo que surgia. Surgiram então dois amigos que proporcionaram viagens fantásticas nas minhas lembranças.
Jomar, amigo desde a infância, e Nivaldo, mais para a adolescência.
Éramos os reis da pelada, eu e Jomar. Infelizmente ele era melhor. Sempre achei que se tivesse tido um empurrãozinho teria chegado à seleção brasileira. Foi o melhor peladeiro que já vi jogando nas ruas. O segundo melhor era eu. Certa vez vi uma declaração do Pelé de que em todas as vezes que jogou com Garrincha a seleção sempre ganhou. Conosco era a mesma coisa. Numa pelada, com nós dois juntos no mesmo time não tinha pra ninguém.
No campo do Larguinho(terra batida), no Gringo(terra batida), na Carlos Vasconcelos(asfalto), no Larguinho   mesmo(paralelepípedo), só dava a gente. Também achei que poderia chegar à seleção, mas quando fui treinar na escolinha do Flamengo o técnico Modesto Bria me deixou de fora durante todo o treino e depois me dispensou sem sequer ter entrado em campo. Disse: "no Flamengo você não vai jogar  nunca". Flamenguista doente me desiludi. Nunca mais tentei clube algum. Meu único consolo é que assistindo uma entrevista do Zico descobri que tinha ouvido a mesma frase do mesmo técnico. O Flamengo pode ter perdido um outro Zico.
Criamos um time de futebol de campo; o Aliança Futebol Clube(nome da vila onde morava). Pedíamos dinheiro na rua para o uniforme. Arrecadamos muita grana, Henrique Negão foi quem mais arrecadou, disparado. Nosso uniforme era a camisa igual a do São Paulo, mas o calção era preto. Não sei bem porque(nunca quis) mas o time me nomeou técnico e capitão. Acho que era por ser o mais ponderado.
Não tinha o mesmo desempenho no campo. Era muito franzino. Na rua só jogava descalço, no campo a chuteira pesava muito e era muito dura. E a bola parecia de madeira e pesava uma tonelada.
Hoje as chuteiras são fantásticas e a bola bem mais macia e leve.
As histórias são muitas, mas só vou contar algumas, afinal isto é um blog e não um livro.
Éramos da Tijuca, próximo a Sãens Peña e a turma era toda do bem. Não me lembro de ter visto nenhuma porrada entre nós. E a turma era grande.
Certa vez descia a Carlos Vasconcelos levando pão para o meu pai, vindo da praça, pois só havia padaria ali, cruzei com a galera que estava toda sentada no muro do Hall(um espaço do lado do rio que está exatamente igual até hoje), quando Henrique Negão me chamou e me esculachou geral. A galera ficou eufórica. Não sei se já estava combinado, se já sabiam o que ia acontecer. Fiquei furioso e amedrontado ao mesmo tempo. Era o dobro do meu tamanho e fama de maior porradeiro da rua, apesar de nunca tê-lo visto brigando. Pedi que me esperasse entregar o pão porque voltaria para enfrentá-lo. Todos riram, ninguém ousava enfrentar o Henrique, com exceção do Ivan, irmão do Tola, que era maior e mais forte, e os adultos, que também tinham medo dele.
Voltei sem saber direito o que fazer. Não tinha a menor chance. Ele veio na minha direção, a turma toda atrás(uns 8), ainda me esculachou mais um pouco, minha raiva era tanta que abafava até meu pavor. Quando chegou perto abriu os braços, deu um largo sorriso e disse me abraçando: "Cezar você é meu irmão, nunca vou brigar com você. É tudo brincadeira". Isso me fez subir no conceito da galera; era o único que tinha enfrentado o Henrique. Doce ironia, sem nunca ter brigado fiquei com fama de valente.
Uma outra história é que Quincas, irmão do Luís Pardal, e eu tínhamos a mania de andar de elevador. Invadíamos todos os prédios da Tijuca, enganávamos os porteiros, e ficávamos andando de elevador pra cima e pra baixo. Escolhíamos os prédios. Evitávamos repetir, não tinha graça. Adorávamos. Nunca vi brincadeira tão ingênua e tão divertida. Acho que nós que inventamos, mas não fizemos escola. Morreu com a gente.
A turma era pobre ou classe média baixa, mas quando o padeiro perdeu seu livro de registro alguém guardou com cuidado, tinha página solta, e o devolvemos. O padeiro de tão emocionado descobriu seu cesto e permitiu que cada um pegasse um pão doce. Todos agradeceram, mas ninguém pegou, ele era tão pobre quanto todos, portanto era da turma também.
Um episódio hilário foi com o Luís Pardal. Na Conde de Bonfim, em frente à minha vila, quando cortavam as árvores, amontoavam os galhos e as folhas em montanhas 2 metros de comprimento, 1 de largura e 1 de altura, até que o caminhão do lixo viesse retirar, o que demorava alguns dias. Fazíamos uma pequena caverna na montanha de galhos, um se escondia, a galera ficava perto e quando vinha uma gostosa avisávamos e quem estava escondido dava o susto. Era muito engraçado. Ríamos muito.
Um dia, quando o Luís Pardal estava escondido, vinha um PM. Dissemos que era uma gostosa e ele deu o susto. O PM tirou o cacetete, enfiou no meio dos galhos, o Pardal o segurou e começou a gritar "não moço, pelo amor de Deus, pensei que fosse uma mulher". A gente rolava de rir com o PM puxando o cacetete de um lado e o Pardal de outro.
 Essas histórias e outras mais,  o contato com Jomar me fez lembrar. O Nivaldo me lembrou histórias relacionadas a música. Houve uma época em que todos tocavam alguma coisa no violão. Essas eu conto depois.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Amando

Lambendo as palavras
Contendo os estragos
Contando as bravatas
Enquanto eu te trago
No coração
Eu lambo
Eu descambo
Eu capricho
Mas não aceito
Balançar o rabicho
Eu rio
Arrepio
Eu escracho
Mas não aceito
O lugar de capacho
Roendo as cobertas
Bebendo os prazeres
Cortando as gravatas
Enquanto eu me entrego
Na emoção
Então o sonho me enlaça
E me leva bem longe
Que nem quero voltar
De cima eu assisto
E com calma escolho
Onde quero pousar
Reflito no teu reflexo
Deslizo no teu deslize
Te amando no teu amar
Desperto no teu abraço
Me olho no teu olhar
Me amando no meu amar.